O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) ingressou junto à Justiça
contra 17 Ações Civis Públicas (ACPs) contra 17 servidores públicos por acúmulo
ilegal de cargos em São João Batista, a 280 km de São Luís.
Segundo o órgão ministerial, duas Ações foram propostas por conta do
acúmulo de cargos inacumuláveis contra Adelmar Costa Júnior e Manuel José
Cutrim Neto. Costa Júnior acumula os cargos de agente de administração e de professor.
Já Cutrim Neto recebe pelos cargos de auxiliar administrativo e professor.
Ainda de acordo com o MP, também foram acionados os vereadores Tales
Lima Pinheiro, Valdez Diniz Junior e Zilmara Gisely Lindoso Serra por
acumularem o cargo eletivo com outros dois de professor. No caso de Tales
Pinheiro e Zilmara Lindoso, todos os vínculos são com o Município de São João
Batista. Já Valdez Junior possui um vínculo de professor na rede municipal e
outro com o Estado do Maranhão, além de receber os vencimentos como vereador.
As 12 Ações Civis restantes são voltadas aos professores Ana Lúcia
Moreno Fonseca, Arimossene Matos Cutrim, Jaqueline Alves Serra Freire,
Jocielson Sergio dos Santos, Keila dos Santos Cutrim, Maria da Purificação
Nunes Costa, Marinilde de Campos Diniz, Mauro Sérgio Serra Santos. Raimundo
Nonato Aguiar Santos, Rosangela Pinto Costa, Vandelson Pinto Santos e Yolanda
Castro Serra que acumularam três matrículas no serviço público.
Investigação
A Promotoria de Justiça de São João Batista instaurou um procedimento
administrativo para apurar a existência de acúmulos indevidos de cargos
públicos em 2017. Ao encontrar 36 possíveis casos, o Ministério Público
solicitou informações sobre as providências adotadas pelo Município. A
Prefeitura afirmou estar finalizando um recadastramento, que daria a dimensão
exata da situação e tomaria as providências legais cabíveis.
Em 18 de outubro de 2017, o Município
instaurou, após requisição da Promotoria, uma Comissão de Processo
Administrativo Disciplinar para apurar as irregularidades. Essa comissão, no
entanto, foi dissolvida e outra foi formada, que chegou a intimar os servidores
para apresentar defesa ou fazer a opção sobre em qual cargo gostaria de
permanecer.
O Ministério Público também notificou diretamente os servidores
públicos, para que fizessem a opção em até 10 dias, sob pena de
responsabilização por ato de improbidade administrativa. A situação configura
enriquecimento ilícito, além de ir de encontro aos princípios constitucionais
da legalidade e da moralidade na administração pública.
Nas Ações, o Ministério Público pede a condenação dos 17 citados à perda
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento do
dano em valores atualizados, perda de todos os cargos em acúmulo ilegal,
suspensão dos direitos políticos de oito a 10 anos, pagamento de multas de até
três vezes o valor do dano e de 100 vezes o valor da remuneração recebida, além
da proibição de contratar ou receber benefícios do Poder Público pelo prazo de
10 anos.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura de São João
Batista e aguarda um posicionamento do órgão para esclarecer o assunto.