Por: Eduardo Braga
Jornalista.
A ENTREVISTA QUE MEXEU
O vice-prefeito de Chapadinha Talvane
Hortegal esteve hoje concedendo entrevista à rádio Mirante e saiu dos estúdios
politicamente maior do que entrou. Suas explicações sobre os 28 plantões em um
mês podem ter sido evasivas, mas a zoada política que ele criou tornou as
supostas acusações meros detalhes.
Sem medir as palavras, Talvane fez uma
autocrítica contundente à gestão que ajudou eleger e, no limite da legislação
eleitoral, anunciou que, se sua filha não for candidata a deputada, ele é desde
já candidato a candidato. Num cenário quase sem candidaturas (assumidas) desde
a condenação que transformou Belezinha em Ficha Suja, sua postulação começa a
preencher um espaço vago que a política não permite que exista.
A quem ainda não tem candidato, sua
defesa de valores importantes como “não roubar e pagar suas contas” (lições que
ele diz ter aprendido com o pai) soa bem e começa a mexer com o imaginário do
eleitor. Ao se manter leal ao governo apontando os erros que estão acontecendo
ele pode se viabilizar como o porta-voz daquela multidão que foi às ruas eleger
a atual administração, mas que enxerga que as coisas ainda não vão bem. Ao
atacar o deputado Levi Pontes ele demonstra saber quem seria seu maior
adversário. Ao ignorar os ataques do vereador Marcelo Menezes e poupar seu
ex-aliado Isaías Fortes de críticas, ele deixa aberta a possibilidade de novo
entendimento com um grupo de reconhecida força eleitoral.
Talvane é qualquer coisa menos besta.
Soube usar o tempo da entrevista para dar o seu recado e muitos desdobramentos
ainda virão da sua fala. Talvez nada se concretize, mas o dia hoje foi vencido
por ele.